Powered By Blogger

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma é eleita 1ª mulher presidente mulher com 56% dos votos

Abnor Gondim/ Fhoutine Marie

BRASÍLIA / SÃO PAULO - Nunca antes, na história do Brasil, uma mulher é eleita presidente da República —  ou, segundo acepção cunhada por ela mesma, “presidenta”.  Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu a apuração que elegeu Dilma Rousseff como a 36ª presidente da República Federativa do Brasil, desde a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

Nesse segundo turno, Dilma somou mais de 50 milhões de votos, abriu uma diferença impossível de ser revertida em favor de seu adversário, o tucano José Serra, e garantiu sua entrada no Palácio do Planalto para um mandato de quatro anos. “Eu governarei para todos, conversarei com todos os brasileiros”, prometeu, referindo-se à possibilidade de que os votos viessem a confirmar o que as pesquisas já indicavam.

Nunca, também, na história deste país, uma ex-guerrilheira assume o poder de governar uma nação. Nascida em família de classe média alta e educada de modo tradicional, logo Dilma interessou-se pelos ideais socialistas durante a juventude, após o Golpe Militar de 1964. Iniciada na militância participou de organizações que defendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var Palmares). Passou quase três anos presa entre 1970 e 1972, primeiramente na Oban (onde passou por sessões de tortura) e depois no Dops.

Nunca, igualmente, um candidato chegou à Presidência sem nunca ter disputado  eleição nem para vereador. Ela traz na bagagem apenas  experiências administrativas como secretária municipal e estadual, ministra das Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil durante o Governo Lula, assumindo o cargo em meio ao escândalo da Casa Civil e precedendo o atual caso envolvendo a ministra Erenice Guerra.

Nunca, ainda, um presidente da república (Luiz Inácio Lula da Silva) deixa seu cargo com tanta força a ponto de influenciar os rumos da escolha do Brasil. A petista afirmou governará “com todos os partidos que integraram a coalizão eleitoral (dez, no total)”.

O novo presidente da República e os governadores eleitos ontem serão diplomados em 17 de dezembro, último dia previsto pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A posse será em primeiro de janeiro. Para candidatos eleitos no primeiro turno, o prazo de diplomação já está aberto.

Os deputados federais, estaduais e senadores tomam posse no dia primeiro de fevereiro. A partir da diplomação, partidos e coligações têm 15 dias para pedir a impugnação de candidatos. Essas ações devem conter provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Depois desse período, as ações não serão mais aceitas. Os candidatos têm até amanhã para apresentar a prestação final das contas da campanha. Os que foram para o segundo turno têm prazo até o dia 30 de novembro.

Números parciais divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral após 37,6% da apuração da eleição deste domingo totalizada apontam para uma taxa de abstenção de 20,1% no segundo turno.  Essa parcela, caso mantida, representaria uma elevação em relação ao primeiro turno, quando a abstenção foi de 18,1%.

Ao menos três estados registram abstenção maior do que no 1º turno  No Pará, faltando apenas uma hora para o fim do processo, apenas 60% dos eleitores haviam comparecido às urnas.

Novo governo
Dilma chegará ao governo em uma situação bastante favorável. Pela primeira vez desde o retorno das eleições diretas, um presidente chega ao poder num momento de tamanha estabilidade econômica. A presidente eleita contará com uma base aliada ampla que lhe garantirá maior governabilidade, contando inicialmente com o apoio de mais de 300 dentre os 513 membros da Câmara e 54 senadores. Para analistas ouvidos pelo DCI, este cenário coloca desafios para a oposição, que terá que se “reinventar”. “A oposição corre o risco de ser varrida pelo próprio eleitorado ou ficar restrita ao cinturão do agronegócio, no centro-oeste e sul do país”, avalia o cientista político Eduardo Viveiros, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Ele diz que o grande trunfo será a força dos estados, uma vez que o PSDB terá nas mãos os governos dos estados mais ricos do país.

Para o sociólogo, Nelson Rosário de Souza, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a melhor opção para os partidos de oposição, capitaneados pelo PSDB, seria se concentrar na elaboração de um plano alternativo de gestão que enfrentasse com coerência os limites deixados pelo governo Lula. Outro caminho que pode ser favorável à oposição poderia seria desempenhar um papel de destaque em relação às reformas política, tributária e na previdenciária, que não foram realizadas no governo Lula e que serão necessárias na gestão de Dilma Rousseff. “A oposição terá que rever a estratégia de mobilizar a mídia em torno de alguns escândalos pontuais, que já se mostrou infrutífera durante o governo Lula e também não teve êxito durante a campanha eleitoral”, avalia.

Os analistas dizem que com Michel Temer na vice-presidência, o PMDB deverá ter maior participação no governo Dilma, ocupando cargos estratégicos no primeiro escalão. O PSB, com aumentou o número de governadores e a participação de Ciro Gomes na coordenação da campanha, também deve vir a ter maior participação no governo. Outra aposta é a manutenção de Henrique Meirelles no comando do Banco Central e a provável volta do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci ao governo.

Ministeriáveis
Além de Palocci, outro nome dado como certo na equipe é do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que deve coordenar a transição pelo lado do governo. Coordenador da campanha de Dilma e presidente do PT, José Eduardo Dutra também é ministeriável. Guido Mantega (Fazenda) conta com o apoio de Lula para ficar na pasta. Dilma, porém, gostaria de convidar o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para o posto.

No Banco Central, são cogitados o diretor Alexandre Tombini (Normas) e o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, para o lugar de Henrique Meirelles. Fora do BC, Meirelles gostaria de ser indicado pelo PMDB para comandar uma pasta da infraestrutura, o que se encaixa no desejo do partido de ocupar o Ministério dos Transportes.

Ainda no PMDB, o representante do partido na campanha, Moreira Franco, é citado para o Ministério das Cidades ou a presidência da Caixa Econômica Federal. O PSB não abre mão de manter Ciência e Tecnologia e Portos, e quer Ciro Gomes em um terceiro ministério. Outro pessebista que agrada Dilma é o deputado eleito Gabriel Chalita (SP).

Pelo mundo
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi o primeiro chefe de Estado a divulgar uma mensagem pública de parabéns a Dilma  por sua eleição. A França espera fechar agora, passada a eleição, a venda de seu caça Rafale para a Força Aérea Brasileira. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, usou seu programa dominical de TV, para saudar Dilma.

Nenhum comentário: