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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pagador de promessas' viaja todo ano 5 mil km para agradecer benção

Homem pretende encerrar 20 anos de romaria em cidade de MS.
Em duas décadas ele calcula que já andou cerca de 80 mil quilômetros.

Do G1 MS
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Pagador de promessas, Antonio Pereira, viaja todos os anos cerca de 5 mil quilômetros (Foto: Divulgação/Ivinotícias)Pagador de promessas, Antonio Pereira
(Foto: Divulgação/Ivinotícias)
Viajar a pé, 5 mil quilômetros, entre Porto Velho (RO) e Aparecida (SP), fazendo um roteiro alternativo que passa pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Argentina, Paraguai, Bolívia, Minas Gerais, Goiás até chegar a São Paulo. Essa tem sido a rotina de Antônio Pereira, de 66 anos, nos últimos 20 anos, como pagamento de uma promessa feita a Nossa Senhora Aparecida pela cura de um câncer.
De passagem por Mato Grosso do Sul, no percurso da viagem que encerra a sua 'missão', o pagador de promessas conversou com o G1, em um hotel na cidade de Ivinhema, a 297 quilômetros de Campo Grande. Pereira diz que tudo começou em razão da doença. Ele explica que tinha câncer na garganta e que a doença afetou sua visão. Por conta da cegueira, foi atropelado por um trem e quase teve sua perna amputada.
Desesperado, Pereira conta que fez a promessa a santa e no início de 1991 recebeu a benção com a cura. No dia 15 de janeiro do mesmo ano ele conta que começou a pagar a promessa feita a Nossa Senhora e iniciou a romaria rumo a Aparecida. Todos os anos, sem levar dinheiro, contando apenas com colaborações que recebe das cidades por onde passa, ele faz o percurso.
“Saio de Porto Velho, passo por Cuiabá, Campo Grande e Paraná. Ai pulo para Argentina, subo para o Paraguai, Bolívia e volto para o Brasil, passando pelo triângulo mineiro, Goiás e chegando em São Paulo, onde subo todos os anos a rampa da basílica de joelhos”, disse. “Por ano eu devo andar uns quatro ou cinco mil quilômetros, totalizando 80 mil quilômetros nos 20 anos”, completou.
O pagador de promessas comenta que nestes 20 anos, além de inúmeras histórias vividas nas estradas gosta de colecionar também alguns números. “Gastei 66 pares de tênis, 31 bonés, 24 mochilas e infelizmente presenciei 835 acidentes nas rodovias e fui assaltado 23 vezes”, conta, completando que visitou 527 cidades somente no Brasil, sem contar as do exterior. “Em todas sempre passei pelas igrejas católicas. Conheci 619 padres e 10 bispos”, completou.
Pereira diz que uma das principais recordações que vai guardar de suas romarias é um pedaço de tecido, com a imagem de Nossa Senhora, onde colhe assinaturas, declarações ou versos das pessoas com quem se encontrou nestes 20 anos. “Até Ivete Sangalo já assinou meu paninho. Já são mais de 10 mil assinaturas”, calcula.
Pagador de promessas, Antonio Pereira, mostra tecido com a imagem de Nossa Senhora coberto por assinaturas (Foto: Divulgação/Edição de Notícias)Pagador de promessas mostra tecido com a imagem de Nossa Senhora com as assinaturas
(Foto: Divulgação/Edição de Notícias)
Um momento engraçado que o peregrino gosta de citar foi do dia em que teve de dormir dentro de um túmulo, no cemitério da cidade de Oswaldo Cruz, em São Paulo. Ele disse que até tinha dinheiro para pagar um hotel, mas não encontrou vagas em lugar nenhum, porque estava ocorrendo um jogo de basquete na cidade. “O jeito foi dormir no cemitério mesmo”, conta.
Ajuda
Desde 1991, quando iniciou suas viagens, Pereira diz que sai de Rondônia sem nenhum centavo no bolso. “Viajo com a ajuda das pessoas. Quando chego nas cidades, procuro as igrejas católicas, prefeituras. Tanta gente boa já ajudou”, disse ele, lembrando que o hotel onde está hospedado em Ivinhema está sendo pago pela igreja da cidade e com a ajuda de algumas outras pessoas. Outra curiosidade lembrada pelo pagador de promessas foi que por onde ele passa com sua romaria, chove.
Pereira diz que pretende terminar sua romaria em Nova Andradina até sexta-feira (28). “Agora são só mais 60 quilômetros para eu terminar. Chegando lá eu devo ficar em um abrigo da Igreja Católica da cidade e esperar minha família me buscar”, disse. “Muita gente vem me dizer que foi um sonho, mas não. Foi uma missão cumprida”, concluiu.
 

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