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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

'Ele se lembrou que já esteve em casa', diz D. Geraldo sobre Bento XVI Cardeal falou ao G1 sobre cumprimento pessoal do Papa em seu último dia. 'Não existe isso de pegar um Papa de transição', diz brasileiro.

Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo

Cardeais acompanham a audiência com Bento XVI em seu último dia como Papa (Foto: Reuters/Osservatore Romano)Cardeais durante audiência com Bento XVI nesta
quinta- feira (Foto: Reuters/Osservatore Romano)
Um clima cordial e de agradecimento marcou o último encontro do Papa Bento XVI com cardeais presentes no Vaticano nesta quinta-feira (28), relatou ao G1 Dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo emérito de Salvador. Ele contou também o que o pontífice falou ao se encontrar com o brasileiro na última audiência e disse que não crê na chance de o conclave eleger um "Papa de transição".
Desde segunda-feira (25) no Vaticano, Dom Geraldo teve a oportunidade de se despedir pessoalmente de Bento XVI que, a partir das 20h (16h, horário de Brasília), deixa vago o cargo de líder da Igreja Católica e passa a ser tratado como Papa Emérito.

“Ao cumprimentá-lo, ele se recordou que eu morava no alto do Palácio Santo Oficio, onde está sediada a Congregação para a Doutrina da Fé, da qual ele era o prefeito [quando cardeal]. Todos os dias nos encontrávamos, quando eu saía e quando ele chegava. Ele se lembrou que já esteve em casa conosco por horas, recordou com detalhes algo que foi próprio para mim”, disse Dom Majella.
dom geraldo magella (Foto: Ida Sandes / G1)O cardeal brasileiro Dom Geraldo Majella, que está
no Vaticano desde segunda-feira (Foto: Ida Sandes / G1)
O cardeal brasileiro, que é um dos cinco representantes do país durante o conclave que vai eleger o novo Papa, afirmou ainda que Bento XVI fez um agradecimento muito grande aos presentes na audiência – cerca de cem cardeais -- e pediu a todos que ajam pelo bem da Igreja e “continuem tendo obediência ao próximo Papa”.
Ele apontou também a existência de uma discussão paralela dentro da Igreja, mesmo que fora do Colégio de Cardeais, da possibilidade de se eleger um Papa de transição, que permanceria no cargo para que seja concluída a preparação de um novo representante.
“Às vezes podemos pensar 'bom podemos fazer um Papa passageiro, um Papa de transição, para que venha depois um outro que será formado'. Ouvimos essa questão por fora, não dentro do Colégio dos cardeais, mas não existe isso de pegar um Papa de transição”, explicou.
Ele não considera que o cardeal Joseph Ratzinger tenha sido um Papa de transição -- devido à sua idade avançada quando foi eleito. "Ele era prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, um dicastério importante, e fazia com autoridade seu trabalho. Ele se destacava perante os demais que podiam ter sido eleitos como Papa", explicou.
Brasileiros não votarão em bloco
Sobre o conclave, Dom Geraldo disse que um clima de "muitas interrogações" antecede este conclave, que, segundo ele, deve ser ligeiramente diferente do processo que elegeu Bento XVI. "É uma passagem, eu acredito que toda passagem deixa muitas interrogações".

Ao G1, Dom Majella disse que os cardeais brasileiros que participarão do conclave já se reuniram algumas vezes no Vaticano ao longo desta semana. No entanto, não teriam conversado sobre em quem votar ou mesmo combinar um candidato único para o conclave – uma votação única do bloco de cardeais brasileiros.
“Não conversamos sobre isso, não fizemos e não faremos. Os encontros são somente para gente ver como será o conclave. Não conversarmos para indicar algum nome”, explica.
Além dele, os demais brasileiros concorrentes e votantes são o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, de 78 anos, Dom João Braz de Aviz, de 65, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, de 63, e o arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno.
Papa Bento XVI deixa o papado nesta quinta-feira (28) (Foto: Reprodução/Globo News)Papa Bento XVI deixa o papado nesta quinta-feira (28) (Foto: Reprodução/Globo News)
Perfil carismático e doutrinador
Questionado se o novo pontífice deve ser mais carismático, como foi o Papa João Paulo II, ou mais doutrinador, como Bento XVI, Dom Geraldo Majella disse que o eleito pelo conclave deverá ter as duas características.
"Tem que ser alguém que guie os cristãos, que esteja atento à palavra de Deus e a coloque em prática. Ao mesmo tempo, [deve ser] um pastor que considere presente os desafios que a Igreja tem hoje, que não são de agora, sempre existiram e vêm desde o inicio do Cristianismo. Que ele seja um pastor que atenda as solicitações da própria Igreja, no sentido que possa esclarecer e nos ensinar".
Preferidos
Dom Geraldo Majella preferiu não falar especificamente sobre as chances de outros cardeais no conclave, mas disse que alguns movimentos de dentro da Igreja já teriam seus preferidos. "Pode ser que algum [candidato] que esteja ligado a algum movimento será distinguido para ser eleito (...), mas os cardeais não aceitam isso", comentou.

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