Mãe não abraçou garoto quando ele foi ao seu
encontro a pedido de juíza (Foto: Imagem/TV Bahia)
O garoto de dez anos que vive há um ano em um abrigo
de Salvador, após se perder de casa, recebeu a visita da mãe nesta
quinta-feira (30). Jaciara Lima Gonçalves, que não abraçou o filho
durante o encontro, afirmou que foi ao local apenas para vê-lo, mas que
não pretende levá-lo para casa. Em entrevista à equipe do Juizado, a mãe
disse ainda que não quer que o filho seja adotado.encontro a pedido de juíza (Foto: Imagem/TV Bahia)
"Só quero olhar para cara dele, não quero nada mais não. Repito o que meu pai disse, o que todo mundo disse, que não era para ele ir para casa, porque vai fugir, traquinar. Quando a gente ia bater nele, ele fugia. Ainda sou mãe de olhar para cara dele", relatou a mulher, que possui oito filhos. O menino também pediu à juíza da Infância e Juventude para continuar no Abrigo Lar da Criança, que fica no bairro Vila Laura.
saiba mais
Ele chegou ao local após ser encontrado só na rua pela polícia nas
imediações do bairro Mata Escura e, desde então, nunca mais teve contato
com a família. "No dia 8 de setembro, ano passado, por volta da
meia-noite, ele foi encontrado por uma ronda policial e entregue à 1ª
Vara [da Infância e Juventude]. Nós acolhemos no abrigo. Tentamos
localizar familiares, ele passou por assistente social, psicóloga, é
menino bem esclarecido. Ele contava tudo, nome de pai, de mãe, irmãos,
só não sabia o endereço. Falava muito de uma irmã pequena, a que ele
mais gosta", afirma a juíza Mariana Varjão, que acompanha o caso.A mãe foi buscada pelo Juizado em casa e foi até o encontro acompanhada de um dos filhos. "Para a nossa surpresa e a nossa tristeza, a mãe já veio dizendo que ele continuasse abrigado. Mas ele também verbaliza que não quer voltar para a casa. Vai continuar institucionalizado, vamos fazer a reinserção aos poucos, através de visitas domiciliares", explica a magistrada.
Criança recebeu visita de mãe nesta quinta-feira.
Ele não quer voltar para lar (Foto: Imagem/TV Bahia)
Segundo Mariana Varjão, a mãe da criança disse que ele "sabe o que
passou, que sofreu muito" e, por isso, quer que ele continue no abrigo.
"Mas nós vamos ver o que é melhor para ele. Ele é muito esperto, está na
segunda série, brinca, gosta de futebol. Muito ativo, só não quer
voltar para casa", retrata a juíza. O motivo do sofrimento não foi
relatado pela mulher.Ele não quer voltar para lar (Foto: Imagem/TV Bahia)
O Juizado ainda descobriu nesta quinta-feira que um irmão da criança também vive abrigado. O irmão tem quatro anos, possui síndrome de down e está em uma das unidades especiais há quatro anos. A juíza afirma que ele será procurado nos próximos dias.
Em Salvador, cerca de 600 crianças e adolescente moram em abrigo, por situações diversas. A juíza explica que algumas são filhos de moradores de rua, outras vivem em conflito doméstico, além de filhos de pessoas muito jovens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário