Marcha da Maconha ocorre “disfarçada” em Curitiba
Após liminar judicial proibindo a manifestação, a marcha virou evento para protestar contra a liberdade de expressão
A situação dos manifestantes a favor da legalização da maconha em Curitiba era semelhante a de São Paulo. A "Marcha da Maconha" foi impedida por ação judicial e transformada em ato pela liberdade de expressão como na capital paulista. Porém, no Paraná não houve repressão policial.Depois de uma liminar da Central de Inquéritos de Curitiba proibindo o evento, o grupo que preparou a caminhada resolveu transformar o ato original em outro para protestar a favor da liberdade de expressão.
Foto: Luciana Cristo
Ato pela liberdade de expressão foi, na prática, a favor da maconha
Durante a concentração do grupo, pensando em evitar confusão, a orientação geral foi para que as pessoas comparecessem sem camisetas que fizessem referência à droga e sem distribuição de panfleto defendendo a legalização da maconha. Se surgisse algum conflito com a polícia, a ordem era para não resistir à prisão. Mas nada disso foi necessário.
Na prática, foi a marcha da maconha. “Legalização da liberdade de expressão” e “sou maconheiro com muito orgulho, com muito amor” foram gritos de guerra que permearam a passeata, que terminou exatamente ao lado de um posto da Polícia Militar (PM), onde além de um policial, que informou a situação pelo rádio, havia mais alguns à paisana, que fizeram imagens do grupo reunido.
Logo em seguida, duas viaturas policiais encostaram ao lado da rua e um helicóptero da PM sobrevoou a área. Sem provocações, a aglomeração se dispersou em torno de 15 minutos depois.
Reivindicações
Um dos participantes da marcha em Curitiba protestava contra o que considera ser um contrasenso no País. “Se o mercado vende, legalmente, a seda (papel utilizado para enrolar a maconha), que pode ser comprada em qualquer banca de jornal, papelaria ou posto de combustível, por que é que a maconha também não pode ser vendida?”, dizia o comerciante Jonny Ratier, enquanto mostrava a embalagem do produto, que também é utilizada no preparo de outros tipos de cigarros. “Essa é a minha bandeira”, completou ele.
Os problemas ocorridos no último sábado com a marcha em São Paulo desmobilizaram parte dos participantes aguardados para este domingo em Curitiba, reconhece o organizador local, o publicitário Shargie Casagrande.
Para ele, o importante é discutir o assunto. “Já está comprovado que, nos últimos 80 anos, o governo não conseguiu diminuir o consumo nem os usuários da maconha. O vício da maconha é mais fácil de se tratar do que o álcool, o cigarro ou qualquer outra doga. Queremos um debate aprofundado sobre a legalização”, defende Casagrande.
Os organizadores do coletivo nacional da Marcha da Maconha tentam, no Supremo Tribunal Federal (STF), garantir uma decisão para estabelecer o mês de maio como mês de realização dos atos em todo o Brasil, conta Casagrande. “Assim não ficamos mais à mercê de liminares estaduais”, acredita ele.
Movimento contrário
Deputados estaduais do Paraná, como Leonaldo Paranhos (PSC), Roberto Aciolli (PV) e Mara Lima (PSDB); o deputado federal Fernando Francischini (PSDB) e alguns vereadores de Curitiba se manifestaram-se contra a realização do ato na cidade nos últimos dias.
“A passeata ainda dá respaldo ao usuário, levando-o à falsa sensação de que a sociedade ratifica o uso da maconha e também incentiva outros a experimentarem”, criticou o vereador Juliano Borghetti (PP), que ainda argumentou que a maconha pode ser a porta de entrada para o uso de drogas mais pesadas. Outros vereadores, como Jair Cézar (PSDB), Julieta Reis (DEM), Noemia Rocha (PMDB) e Caíque Ferrante (PRP) também se posicionaram contra a marcha.
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