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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Enchentes em Curitiba poderiam ser evitadas

Casas em risco às margens do Rio Barigui: ocupação desordenada contribuiu.

"O município não fez nada para tentar evitar enchentes". As palavras do promotor de Justiça do Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Meio Ambiente do Ministério Público (MP) estadual, Sérgio Luiz Cordoni, somente confirmam o que pôde ser visto nos últimos dois dias, em Curitiba: muitos moradores da capital viram suas casas encher de água da chuva em poucos minutos.
Em 2005, o MP entrou na Justiça com uma ação civil pública contra o município de Curitiba pedindo providências sobre os alagamentos. Porém, segundo Cordoni, nada foi feito até agora.

A ação está em fase de perícia. O passo seguinte é a sentença judicial. Ao que tudo indica, o município tem tudo para ser condenado a tomar providências, entre elas o mapeamento das áreas de risco; a realocação das famílias que estão nessa situação; evitar a impermeabilização do solo e a canalização dos rios, entre outras.
"Não adianta dizer que choveu demais. O município é que deveria, de antemão, tomar as providências necessárias. Mas não é o que está ocorrendo", afirmou o promotor. Não há previsão de quando a sentença será proferida.

Situação

A reportagem procurou a assessoria de imprensa de diversos órgãos da prefeitura, como da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMMA), da Defesa Social e do Instituto de Pesquisa e de Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), mas ninguém soube informar em que situação se encontra a ação.

O Ippuc informou que a empresa que ficará responsável pelo Plano Diretor de Drenagem da cidade (o primeiro de Curitiba, que vai prever medidas para revitalização de rios e a adequação de drenagem da cidade) já foi escolhida.
Desde 2005, a Defesa Civil de Curitiba realiza um levantamento das áreas de risco de alagamentos e a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) também tem providenciado realocações, o que para o promotor Cordoni não mudou em nada a situação caótica da cidade em dias de chuva forte.

O coordenador técnico da Defesa Civil de Curitiba, Nelson Ribeiro, afirmou que várias solicitações do MP já foram atendidas e que muitas obras foram e estão sendo feitas.
Ele citou uma obra de contenção de rio na CIC e a limpeza do rio Atuba (que afetava a região do Bracatinga). "O ideal seria que não tivéssemos famílias nesses locais. Várias famílias já foram realocadas, mas ainda precisamos fazer muita coisa. E cada vez temos chuvas mais intensas, sem falar que as obras demandam muito tempo. Estamos trabalhando, mas ainda não resolvemos o problema de todas as áreas", comentou.

Chuvas devem seguir até sábado

Ontem, 18 pessoas ainda estavam desabrigadas em Curitiba, em função das fortes chuvas dos últimos dois dias, que deixaram 20 desabrigados. No Paraná, 1.274 pessoas ficaram desalojadas e outras 101, desabrigadas.
Treze municípios sofreram com alagamentos e destelhamentos, sendo que o mais prejudicado foi Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde 10 mil pessoas foram afetadas.

As chuvas que atingem o Paraná e a região de Curitiba desde o início desta semana deverão continuar pelo menos até sábado, segundo o Instituto Meteorológico Simepar.
Apenas nos 15 primeiros dias de dezembro, as precipitações na capital já alcançaram 236 milímetros (mm), ou seja, 86 mm a mais que a média estimada para dezembro: 150 mm.

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